por Aurora dos Campos e Joana Passi de Moraes
Resumo
Atravessadas pela leitura de “Um quarto que seja seu” de Virginia Woolf, duas amigas, artistas e investigadoras, partem para especular sobre – Onde estão as mulheres?. Colocam-se em cena como quem diz: – estamos aqui!. Ao mesmo tempo que olham para o passado e imaginam um porvir.
O ensaio é construído a partir de fragmentos escritos em várias vozes – ora consonantes, ora dissonantes – compostos por reflexões críticas, especulações, e inserções poéticas para pensar o lugar das mulheres. Fruto de derivas investigativas, imbricadas no quotidiano das duas amigas, o texto propõe uma escrita que é, ao mesmo tempo, reflexo e matéria dos corpos e circunstâncias de quem escreve. Não define um lugar, uma mulher e um tempo específico, mas, sim, evoca uma multiplicidade de temporalidades, lugares, corpos e vozes. As especulações desdobram-se de três momentos: os afetos provocados pelo livro de Woolf; apropriações dos conceitos "especular" e "realidadeficção" de Josefina Ludmer; e reflexões sobre a representação das mulheres a partir de uma visita na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. Assim, o ensaio apresenta uma espécie de registro testemunhal poético e especulativo do lugar das mulheres
Palavras-chave:
mulheres; escrita coletiva; realidadeficção; fragmentos; ensaio-poético; quotidiano; especulação
Convocação
Estava eu no “Instagram” quando a Lina me convocou:
- “onde estão as mulheres?”
Lembrei de ti, de nós e delas.
Lembrei novamente de ti, amiga,
pensei que a Lina também te procurava.
Pensamos que queríamos existir nesse lugar,
E queríamos ir juntas.
E se falássemos sobre nossa escrita investigativa?
Que voz podemos ter? Que voz nos é indicada?
E se falássemos sobre “Um quarto que seja seu?” da Virginia Woolf,
O que nos atravessa cem anos depois…
Sobre como a metáfora do peixinho-ideia que ela pesca ecoa em nós.
E se falássemos sobre os afrescos da Biblioteca Joanina,
Onde no teto as mulheres são alegorias do conhecimento,
enquanto as estantes estão povoadas de autores masculinos.
E as mulheres de carne e osso, onde estavam?
Que “discretas, honestas e de acordo com o seu sexo”[1]
como Domitila de Carvalho, ocuparam os corredores da Universidade de Coimbra.
E se falássemos sobre nossas peripécias na freguesia do Bonfim?
Os novos trajetos, os encontros, os desencontros.
Sobre a mudança, a imigração, a maternidade, a adaptação em tempos de pandemia…
Sobre nossas investigações e amizade.
E assim seguimos imaginando sobre o que poderíamos falar-escrever,
Especular.
Telefone, mensagem, rua, parque, jantar, vinho, computador, caderno.
E se …
Reler open call:
“As contribuições deverão ser enviadas no período compreendido entre 16 de outubro de 2020 e 16 de janeiro de 2020.” Seria uma pista? A data ao invés de ir adiante voltou para trás.
*
Um cardume de ideias, peixes pescados
"o pensamento — para chamá-lo por um nome mais imponente que o merecido — havia lançado sua linha na correnteza. A linha oscilou aqui e ali entre os reflexos e as ervas silvestres, ao sabor da água, que a erguia e a afundava, até (vocês conhecem aquele puxãozinho) sentir a súbita consolidação de uma ideia na ponta da linha: então, foi só puxá-la com cautela e expô-la cuidadosamente" (Virginia Woolf, Um quarto que seja seu, 1928).
Uma pesquisadora, escritora, reflete sobre uma questão – onde estão as mulheres na ficção? –, sentada na beira de um rio, vendo a água passar, com os reflexos de galhos e plantas na superfície. Subitamente, um peixe, uma ideia, puxa a linha de pesca – a linha do pensamento. É um peixinho inquieto que de tão pequeno e insignificante deve voltar para a água para engordar e crescer. Mas o peixe agitado trouxe um turbilhão de ideias…E depois sumiu na relva, interrompido por um encontro com a realidade: a ideia incipiente, o peixinho, sumiu. A realidade é uma mulher, no início do século XX, transitando onde não deveria, investigando uma questão fora do lugar que lhe é destinado pela hierarquia social do conhecimento. Na universidade, os homens transitavam livremente entre bibliotecas, corredores e pela relva, enquanto as mulheres seguiam nos “pathways", nos caminhos de cascalho delimitados para o controle de sua presença.
Assim, Virginia Woolf descreve um encontro com uma ideia enquanto investigava para uma conferência que daria sobre o tema mulheres e ficção. Seu ensaio ficcional é baseado em fatos vividos pela própria autora, do qual desdobram-se questões como as condições materiais necessárias para a escrita da ficção; a presença de mulheres em livros científicos e em romances; e o estigma intelectual da mulher.
Entusiasmadas com a imagem poética de 'pescar ideias’ de Woolf, soltamos a linha do pensamento provocadas pela questão: onde estão as mulheres? Pescamos ideias que surgiram no encontro das águas de dois rios - duas amigas pesquisadoras, artistas e mães, repletas de peixes inquietos. Partilhamos reflexões que pescamos, e devolvemos esses peixes para o grande fluxo do rio para seguirem em outras correntezas e encontrarem outras linhas e pensamentos.
Com as reflexões pescadas, construímos este ensaio: reunimos fragmentos de especulações e inserções poéticas, que se complementam, constroem sentidos e são, por vezes, dissonantes. Montamos uma arquitetura de escrita que abarca a multiplicidade de vozes que surge da questão central do texto: onde estão as mulheres. Voltamos nossos olhares para o que atravessa nossas vivências, em nossas caminhadas pelas "relvas" e pelos "pathways" da cidade que habitamos como imigrantes, pelas universidades que frequentamos e por nossas casas. Tramamos, assim, um texto que abarca nossas inquietações particulares e coletivas; nossas palavras e palavras outras. Diluímos a autoria, misturamos as águas e observamos seus fluxos.
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Especular
"A imaginação pública, em seu movimento, desprivatiza e muda a experiência privada. O público é o que está fora e dentro, como íntimo-público. Na especulação não sobra nada dentro; o segredo, a intimidade e a memória se tornam públicos. A imaginação pública produz realidade, mas não tem índice de realidade, ela mesma não faz distinção entre realidade e ficção. Seu regime é a “realidadeficção”, sua lógica, o movimento, a conectividade e a superposição, superimpressão e fusão de tudo que foi visto e ouvido. Essa força criadora de realidade, a matéria de sua especulação, funciona, segundo vários regimes de sentido e é ambivalente: pode dar volta atrás ou assumir qualquer direção." (Ludmer, 2003).[2]
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Entretempos
O som das máquinas parou e agora só se houve um cão. A ideia de escrever em paralelo ao que passa. A tudo que passa. Ao que aprende, ao que apreende, ao que escorre entre seus dedos. Sua vida se entrelaça em dimensões paralelas, o romance do século XIX que lê à noite, problemas práticos da Associação que participa, problemas grandes, bons e estranhos que assumiu. A obra volta e o cachorro está um pouco nervoso. Seu estômago também, sabe disso e tenta acalmá-lo com chá de Rooibos.
O latido do cachorro é ouvido em outra casa e faz os meninos que ali moram lembrarem do aconchego de deitar na barriga de um labrador.
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Vozes
Conversei por algumas horas com Jorge Justo, que trabalha há décadas na Biblioteca Joanina. Jorge é uma espécie de zelador de curiosidades sobre a universidade e a biblioteca. Ele contou, com a vivacidade de quem conta um acontecimento recente, sobre a entrada da primeira mulher nos corredores da Universidade de Coimbra. A primeira da qual se tem registro, que oficialmente se matriculou e obteve um diploma na universidade: Domitila de Carvalho. Divagando sobre os fantasmas presentes nos corredores da universidade, sobre todas as mulheres que antes de Domitila ocuparam os espaços institucionais do conhecimento, e sobre os ecos de suas vozes, imagino que nós, hoje, seguimos o canto dessas sereias, nossas ancestrais, e nossas vozes, de alguma forma, se unem às delas.
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Amizade no Bonfim
Aterramos de volta no Porto e pensamos o quanto é importante contar com uma rede de afetos e apoio quando criamos nossos filhos. Talvez, não por acaso, nos tornamos vizinhas. Ouvindo os cantos das sereias, a sabedoria das ancestrais, intuímos que estarmos próximas uma da outra seria uma boa escolha. E dessa escolha estamos aqui – entre trocas de livros, conversas indo e voltando das escolas das crianças, mensagens tarde da noite depois de todos na cama – buscando outras formas de estudo, escrita e trocas.
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Alegorias estruturais
Duas coisas capturam de imediato o olhar quando entramos nas salas da Biblioteca Joanina, na Universidade de Coimbra: os acabamentos em ouro e madeira; e os afrescos nos tetos das salas principais. O ouro e a madeira, considerando a data de sua construção, sabemos que são derivados das riquezas extraídas, roubadas e saqueadas das florestas brasileiras, com a força de escravizados - também roubados, saqueados e destituídos de suas terras africanas. Os afrescos, por sua vez, têm mulheres como suas figuras centrais:
Na primeira sala, a alegoria da Sabedoria (universidade) ocupa o lugar central no teto, repousando em nuvens macias e rodeada de figuras aladas (anjos) que lhe entregam livros. A sanca (cimalha) ao redor apresenta quatro imagens femininas cuja representação evoca os quatro continentes: Europa, América, África e Ásia.
No teto da segunda sala, sua protagonista, a Sabedoria, traz uma joeira na mão simbolizando o cuidado na pesquisa, acompanhada por uma sanca que mantém quatro figuras femininas, agora: Honra, Virtude, Fortuna e Fama.
Já a terceira sala, tem em seu teto a Sabedoria com uma fita que contém uma citação de Eneida de Virgílio (“É impossível penetrar nos segredos da Terra antes de colher da árvore [da ciência] os ramos com folhagem de ouro”). Na sanca quatro musas a cercam: Teologia e Cânones; Justiça; Ciências Naturais; e Artes.[3]
Dessa rápida abordagem sobre a Biblioteca Joanina, é possível especular sobre como os "tesouros do conhecimento" são literalmente sustentados pelos pilares das mulheres, como alegorias das bases do conhecimento, e pela arquitetura construída com matéria prima do trabalho de escravizados. Diante de estantes populadas com autores europeus, em um espectro temporal que tem início na Idade Média, a presença das mulheres nas prateleiras, supomos, se assemelha à descrita por Virginia quando buscava por autoras nas estantes da biblioteca do Britrish Museum (Woolf,1928, p. 40). É uma presença quase insignificante, aparecem principalmente de forma espectral, em livros que falam sobre as mulheres e raramente escritos pelas próprias.
E as mulheres de carne e osso? Onde estão?
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Teia
"Interroguei-me sobre as condições em que as mulheres viviam; porque a ficção, na sua qualidade imaginativa, não cai como uma pedra no chão, à semelhança da ciência; a ficção parece-se como uma teia de aranha, ligada, ainda que por delgados fios, à vida. Por vezes, essa ligação torna-se imperceptível; as obras de Shakespeare por exemplo, dão ideia de estarem suspensas. Contudo, sempre que se puxa a teia, presa numa das pontas, e por rôta que esteja no meio, vem à memória que estas teias não são tecidas no ar, por criatura incorpóreas, mas resultam do trabalho de seres humanos sofredores, e estão interligadas a coisas extremamente materiais, como a saúde, o dinheiro e as casas onde vivemos." (Woolf,1928, 57) [4]
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Transbordas
O “cotidiano”, como escrevemos no Brasil, foi sendo assim “quotidianizado”, e os lugares percorridos foram aos poucos sendo renomeados. Isto é, adquiriram a possibilidade de ter dois nomes: calçada-passeio; sinal-semáforo; pedestre-peão; faixa de pedestre-passadeira; gramado-relvado e por aí fora. Passamos a viver um dia a dia outro, como se tivéssemos mergulhado numa outra história, refletindo sobre o alcance da construção da realidade e da ficção no quotidiano.
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Construir
Josefina Ludmer nos convoca a especular “um novo mundo”, uma outra configuração do capitalismo e outra era na história dos impérios. Para entender esse novo mundo precisaremos de outras palavras e conceitos, porque não apenas o mundo mudou, mas também seus modelos - géneros e espécies nos quais se dividia e diferenciava. Assim, define que "o sentido da especulação é a procura de palavras e formas, modos de significar e regimes de sentidos, que nos permitam ver como funciona a fábrica de realidade para poder encontrar seu avesso. A finalidade secreta, o ganho e o benefício perseguidos, da especulação é pensar o mundo!" (Ludmer, 2013,10).
Nesse "novo mundo", diferente do conhecido, inaugural, inventado pela especulação, não há fronteiras entre interior e exterior, é um universo de "imagens e palavras, discursos e narrações". Estabelece-se, assim, um universo que "flui em um movimento perpétuo e efêmero", esse movimento é chamado de "imaginação pública ou fábrica de realidade; é tudo que circula, o ar que respira, a teia e o destino". Todos nós, como afirma Ludmer, podemos imaginar, criar, contribuir para a "fábrica de realidade" e para a "imaginação pública", em um "trabalho social, anônimo e coletivo de construção de realidade” (Ludmer, 2013, 7).
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Escalas de aproximação
Estranha a vontade de se afastar e se aproximar de si, sente em primeira pessoa, mas gosta de colocar-se em terceira. Como num filme, se vê as vezes num plano próximo e noutras a uma certa altura. Como um helicóptero que sobrevoa a cidade, sobrevoa a si mesma. É mais ou menos essa distância que usa para se ver de fora.
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Troca de mensagem
14h03 (2:08) > “- Outra coisa, que acho que é um ponto chave, que poderíamos colocar no ensaio, na conclusão, se você achar, ou em algum outro lugar… que observamos e discutimos na época… Que ler “Um quarto que seja seu” foi libertador, pensando sobre os formatos de escrita. Quando começamos a escrever um texto obedecendo algum formato, as vezes ficamos castradas, é mais difícil do que escrever num certo fluxo. Apesar de que, não esta sendo exatamente fácil este texto "em fluxo" que estamos fazendo em dupla, né? Mas, o que quis dizer, foi que observamos e nos inspiramos pela escrita da Virginia, pela forma como ela envolve no quotidiano todas as questões que investiga. Então, ela está na biblioteca vendo os livros…; está jantando com uma amiga e pensando sobre como a qualidade do ambiente e da comida influência no modo delas pensarem; ela anda na relva… E, se ela não falasse sobre o quotidiano dela, que parece banal quando você está vivendo, cem anos depois não teríamos a menor ideia de vários detalhes. E hoje conseguimos perceber esses detalhes de forma distanciada, e o texto ganha complexidade e riqueza em sua dimensão. Se ela não fizesse esse in continuum, tudo misturado, a gente perderia a complexidade do texto… (1:04) > … Como se a própria escrita científica fosse uma construção ficcional, de alguma forma uma teia, né? E essa teia conecta a escrita ao quotidiano. Quando damos pistas ao que ela se conecta, a gente oferece uma oportunidade para que o leitor, num outro momento, perceba o texto com mais complexidade, com outras dimensões. Aquilo que você disse em algum momento: o quanto essa forma de escrever denuncia uma época? Ajuda a construir um imaginário mais complexo…”
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Ecos
Tempo quotidiano, tempo de escrita, de estudo, tempo de cuidar, tempo de concentrar: fragmentados, interrompidos, imbricados. Sem fronteiras. Vestir, comer, brincar, ler, escrever, alongar, dormir. Alongar, escrever. Comida, fogão, limpeza. Olhar pela janela, caminhar. Escrever, investigar, pensar. (Há marcas do quotidiano na criação intelectual e literária que atravessam os poros da escrita e apontam para as circunstancias de seu tempo. Como as pontas da teia da ficção, como a implacável materialidade do dia-a-dia). Os gestos e rastros que carregam as marcas de nossos quotidianos são como os ecos de nossas circunstâncias e denotam um tom de voz e de escrita. Evocamos, assim, um tom. Um tom de nossas vozes em que ecoam outras vozes. Não o “bom tom”, discreto e acatado que já fora reservado para as mulheres. Mas o tom que concilia a voz que enuncia um conhecimento com a corporeidade de quem escreve. Escritas são como ecos de nossas vivências. Ecos que ao mesmo tempo tramam e revelam as pontas da teia de nossa ficção diária, de nossos pensamentos, nossas cidades, objetos, casas, roupas…
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Voltar
Especular sobre "onde estão as mulheres", sem um fim definido, transitando entre o particular e o coletivo, esbarra na problemática de delimitações territoriais e temporais específicas. Esbarramos com a impossibilidade de pensar nas mulheres hoje, aqui e agora, sem olhar para os lugares ocupados, abertos e fechados para as mulheres de outrora.
Ao olhar para nosso quotidiano, para os lugares privados e sociais que ocupamos, nos conectamos às vozes que pensaram e reivindicaram outros lugares para as mulheres. As mulheres que evocamos, além de nós próprias, são também escritoras e acadêmicas. Vozes e corpos que pensaram e abriram outras formas de estar no mundo. Ao entrar na “realidadeficção” das imagens e narrativas que nos circundam, especulamos sobre questões urgentes do nosso presente; buscamos uma linguagem e uma escrita, que sejam ao mesmo tempo “linha” e “trama” do que se propõem falar – onde estão as mulheres.
Fizemos uma deriva sobre nossas investigações, leituras e conversas. Nos encontramos em um momento que coincide com as circunstâncias de imigração e adaptações à radical situação de um novo confinamento pela COVID-19. Não há um "quarto só nosso” para o exercício de uma produção concentrada, livre das distrações e das urgências cotidianas que derrubam qualquer fronteira que se possa criar entre as diferentes esferas da vida. A atenção dividida e a instabilidade de intensidades entre escrita, criação, estudo, reflexão, maternidade, trabalho doméstico, preocupações sociais e intelectuais, quando amalgamados como um continuum tempo-espacial, provocam um modo particular da dinâmica criativa que se fez presente entre nossas palavras.
Estamos aqui, com nosso corpos, vozes e palavras atravessando os corredores das universidades, marcando folhas em branco com nossos gestos, ecoando os sopros da história e do porvir. Sustentadas pelos pilares dos espectros de nossas antepassadas, e de nossos antepassados, desmontamos, remontamos, destruímos e construímos, os fundamentos de nossos tetos e quartos.
É tarde, a casa está quieta. Outro cão late, uma gaivota grita. Chove. As crianças brincam, ainda, as crianças quase não se cansam. Ouço seu pensamento. É hora de acabar.
Notas
[1] - “Discreta, honesta e de acordo com o seu sexo era uma das exigências feitas às primeiras mulheres que ousaram entrar na universidade", essa frase foi dita por Irene Vaquinhas, discente da Universidade de Letras da Universidade de Coimbra, na ocasião do ciclo de conferências "Raras e Discretas", organizado pelo Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC) da UC, inserido na 19.ª Semana Cultural da UC. 2017.
[2] - Josefina Ludmer, em Aqui America latina: uma especulação (2003), trabalha os conceitos de "especulação", "realidadeficção", "fábrica de realidade" e "imaginação pública"(pg. 7- 10). Segundo Ludmer, a especulação é uma atividade imaginativa e crítica que nos dá subsídios para vislumbrar outros mundos. Nos apropriamos para a construção deste ensaio do conceito "especular", que desdobra-se do jogo de palavras apontado pela autora: “especular” como adjetivo do latim specularis, com suas imagens, duplos, simetrias, transparências e reflexos; como verbo, do latim speculari, pensar e teorizar (com e sem base no real), “pensar com imagens e perseguir um fim secreto”. E especulação como gênero literário: a "ficção especulativa" que "inventa um universo diferente do conhecido, fundando-o a partir do zero. Propõe outro modo de conhecimento. Não pretende ser verdadeira ou falsa; gira em torno do como se, imaginamos, suponhamos: na concepção de uma pura possibilidade."
[3] - Arquitetura e mobiliário como história na biblioteca Joanina de Coimbra, Portugal Janaina Cardoso de Mello. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica - CLIO (Recife), ISSN: 2525-5649, n. 35, p. 4-23, Jul-Dez, 2017 http://dx.doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2017.35.2.do.01
[4] - Woolf, Virginia. [(1928) 1978]. “Um quarto que seja seu”. Tradução de Maria Emília Ferros Moura. Lisboa: Vega.
Referências Bibliográficas:
Ludmer, J. (2013). Aqui América Latina: uma especulação. Belo Horizonte: Editora UFMG.
Cardoso de Mello, J. (Jul-Dez, 2017.) Arquitetura e mobiliário como história na biblioteca Joanina de Coimbra, Portugal. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, n. 35, 4-23. Recuperado em: http://dx.doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2017.35.2.do.01
Woolf, V. [(1928) 1978]. Um quarto que seja seu. Tradução de Maria Emília Ferros Moura. Lisboa: Vega.
Fala de Irene Vaquinhas, discente da Universidade de Letras da Universidade de Coimbra (2017), na ocasião do ciclo de conferências "Raras e Discretas", organizado pelo Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC) da UC, inserido na 19.ª Semana Cultural da UC.
Autoras: Aurora dos Campos é cenógrafa e doutoranda em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, mestra em Arte e Design para o Espaço Público, pela Universidade do Porto. Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCTinvestigadora integrada não doutorada no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (I2ADS).
Joana Passi de Moraes é artista-pesquisadora, doutoranda no Programa de Pós-graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, mestra em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bolseira do Cnpq-Brasil, pesquisadora visitante no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra pelo CAPES/ Print, BR.
Brasileiras, vivem atualmente na cidade do Porto - Portugal.
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