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"Representatividade Feminina na Cidade + Projeto Parada Segura"

Atualizado: 18 de out. de 2023

por Coletivo TURBA (Paula Motta, Renata Saffer e Roberta de Alencastro)


Resumo


A Turba apresenta para a Revista Lina dois projetos: a pesquisa “Representatividade Feminina na Cidade” e a proposta “Parada Segura”. A pesquisa é uma iniciativa da Turba como coletivo feminista e a proposta “Parada Segura” foi realizada para a participação no concurso de ideias VOLVER A LA CALLE, realizado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento ) e Ciudades Comunes, em 2020, que propôs pensar o retorno ao espaço público de forma segura e gradual durante a pandemia do novo coronavírus, no qual foi premiado com Menção Honrosa.

A pesquisa “Representatividade Feminina na Cidade” foi idealizada e elaborada pela Turba com a finalidade de compreender um pouco mais sobre a participação histórica das mulheres na cidade de Porto Alegre. Fomos instigadas pelo livro “Logradouros públicos em Porto Alegre: presença feminina na denominação” da vereadora Maria Celeste (2007), que relata informações como o ano de criação dos logradouros que receberam nomes de mulheres, a memória e história destas mulheres e sua participação na sociedade; e assim, decidimos mapear estes logradouros para compreender no território onde encontram-se essas memórias e representações.

Entendemos que tornar público esses dados e informações é importante para trazer à tona reflexões acerca da participação feminina em nossa sociedade, onde os homens sempre foram vistos e reconhecidos pela sua vida pública devido aos seus cargos de poder. Para além da análise dos dados e reflexão sobre a importância da representatividade feminina, essa iniciativa de realização da pesquisa, também, é uma forma de chamar atenção, para que as comunidades e representantes da Câmara de Vereadores atentem para a importância da representação feminina em nossas cidades para as futuras gerações.

Já o Projeto Parada Segura é uma proposta de intervenção urbana feita por mulheres e para mulheres, que propõe a utilização de estratégias táticas para transformar o espaço público e gerar tanto pertencimento como engajamento da comunidade local no momento de retorno às ruas após a pandemia. A proposta parte da perspectiva feminina para a solução de uma problemática que perpassa todos os cidadãos, mas, principalmente, mulheres.

O projeto Parada Segura é uma ideia aberta ao experimento, junto ao bairro ou comunidade envolvida que até então não foi executada. Todavia, foca no desafio de pôr em prática o urbanismo feminista através da experiência das mulheres e da prática de metodologia participativa, que leve em conta a perspectiva de gênero. Sendo assim, coloca as mulheres no centro da ação, ouvindo-as, engajando e empoderando-as, para dessa forma transformar o espaço cotidiano em um local seguro e confortável para todes.


 

Representatividade Feminina na Cidade


A fim de complementar esta pesquisa com dados mais atualizados, buscamos informações sobre as novas ruas criadas na cidade a partir de 2007 e, assim, iniciamos uma análise para obtenção de dados estatísticos tais como: comparativo entre sexos, série histórica, categorias e nomeações destes logradouros.


MAPA _ Imagem 01 - Mapa Representatividade Feminina na Cidade


A partir da observação dos dados, chegamos a resultados muito significativos, que demonstram a invisibilidade feminina nas nossas cidades. As porcentagem de praças e parques, logradouros públicos e democráticos, com nomes femininos são ínfimas. Nenhum parque recebe o nome de uma mulher e apenas 7% de todas as praças da cidade homenageiam mulheres. O mesmo se repete quando comparamos ruas e avenidas em relação ao total, conforme mostram os cards a seguir.


MAPA _ Imagem 02 - Porcentagem. Ilustrações: Coletivo Turba e @freepik


Acreditamos que a compreensão destes dados é fundamental para entender o patriarcalismo da nossa sociedade, onde os homens sempre foram vistos e reconhecidos pela sua vida pública devido aos seus cargos de poder. Vemos, também, que grande parte das mulheres homenageadas nos logradouros da cidade são as “Donas”, proprietárias das terras juntamente com seus maridos e, por isso, recebem esse reconhecimento. Outra maioria são as representantes religiosas, enquanto poucas são reconhecidas pela profissão, como professoras e doutoras. Vale ressaltar que essas profissões estão diretamente relacionadas ao cuidado, tarefa culturalmente atribuída ao gênero feminino.

MAPA _ Imagem 03 - Classificação por tipo

Para além da análise dos dados, essa pesquisa, também, é um chamado para que as comunidades e representantes da Câmara de Vereadores atentem para a importância da representação feminina em nossas cidades para as futuras gerações.


MAPA _ Imagem 04 - Representatividade. Ilustrações: Coletivo Turba e @pikisuperstar via freepik


“Denominar os logradouros implica participação. Um nome de rua diz muito sobre a população que ali vive, a qual, através dos meios disponíveis, pode indicar qual personalidade ou fato deseja ver homenageado, destacado, lembrado. Dessa forma, dar nome aos logradouros deixa de ser ato singelo, passa a conferir identidade social.” (Maria Celeste, 2007)

O mapa pode ser acessado de forma online através do link https://bit.ly/RepresentaFemininaPOA ou pela leitura do QRCODE abaixo, lá você terá acesso a todas as ruas e praças com o nome de mulheres, além de uma breve biografia de cada uma delas.


MAPA _ Imagem 05 - QRCODE


Referência


Celeste, Maria. Logradouros públicos em Porto Alegre: presença feminina na denominação. Rosa Ângela Fontes (org.). - Porto Alegre : Gráfica da UFRGS, 2007. 139 p. : 15x21 cm.


 


Sobre o Coletivo TURBA:


A Turba é um coletivo brasileiro de mulheres que estimula a igualdade de gênero nas cidades através de ações colaborativas no espaço urbano. Atuamos, desde 2018, em projetos que colocam a experiência feminina no centro dos debates, visibilizando, dessa forma, as pautas defendidas para a construção de uma cidade amplamente inclusiva. Os projetos são plurais e abarcam diversas escalas tais como, ações ativistas, educativas, participativas e de pesquisa. Através da nossa atuação buscamos a construção coletiva de projetos replicáveis, pois acreditamos que a construção em rede feminina é a melhor maneira para uma saída coletiva.

Composta por Paula Motta, Renata Saffer e Roberta de Alencastro.


Informação Equipe: Coletivo Turba , Porto Alegre, Brasil / Montevideo, Uruguay


Paula Motta - Arquiteta e Urbanista, Co-fundadora Turba

Renata Saffer - Arquiteta e Urbanista , Co-fundadora Turba

Roberta Gascue de Alencastro - Arquiteta e Urbanista, Co-fundadora Turba

Ana Clara Vera - Arquiteta e Urbanista, Co-fundadora Habitadas

Camila Bellaver Alberti - Arquiteta e Urbanista, Co-fundadora Versa



 

Para ler este e outros artigos em pdf, faça o download no link abaixo:








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